Saturday, October 31, 2009

I drank a toast to you

(dedicated to Cynthia)


Tonight, Cynthia,

I drank a toast to you.

It was the only way I knew

to honor you

from inside the pain

that your absence left behind.

There was no solace

in rationalizations.

Your time had come

and you had to go.

I know!


In my mourning

I sat at a table

of the little restaurant

right in my town

upon the water.

The night was balmy,

the air was still,

and there we sat,

just you and me,

like years ago

in Berkeley.


And there,

in my solitude,

I remembered you

and softly cried.

And I remembered you

in your house under the oaks.

I remembered you

as you sat with your children,

and your grandchildren

listened to the flies,

while I unplugged the sink.

And I laughed!


I remembered you

when I visited you

in your apartment

over the bay

in St. Thomas.

And we drank a toast

of my favorite gin

you had bought,

in your loving manner,

just for me.


I never knew your dark side,

the one that made you human

like the rest of us.

But you knew mine.

I knew your bright side

the one so dear to me,

that made you so special.

The side that never judged

and always accepted me

as I am.


I remembered

your email jokes,

the ones you sent

two and three times over,

maybe more,

and always made me laugh.

And I remembered you

in your suffering

and how much I worried about you.

And how much I did not want

the pain you felt

to punish you so much.


But now you are free.

Free from the pain

and the punishment

you never deserved.

So tonight,

embraced in these memories,

these fond memories of you,

tonight,

my dear friend,

I drank a toast,

to you!


Monday, October 31, 2005

8:00 PM, in the evening.

Saturday, October 24, 2009

Convívio ou saudade?

que importa,
quando pelo mundo,
levados pela vida,
tenhamos encontrado
alguma solidão
e dela queiramos
um pouco de alívio?

que importa,
se ao relembrarmos,
desejamos rever
as faces e os sorrisos
dos que connosco
sofreram as vésperas
dos cruéis exames finais?

que importa,
se ao fim do dia,
não nos queiramos despir
daquilo que nos fez,
da terra que nos viu crescer,
das belas memórias
que aqui revemos?

que importa,
se é convívio ou saudade.
que importam
os nomes que possam dar
àquilo que somos nós
e que aqui revemos
em convívio ou saudade?

Thursday, October 8, 2009

Sobre o que é este blog?

Uma pergunta muito válida tendo em conta que há tantos blogues por aí com conteúdos tão ricos e tão diversos. Mas eu vou tentar explicar o porquê desta minha aventura.

Há algum tempo atrás uma amiga, muito amiga e muito minha, sugeriu que eu criasse um blogue. Achava que eu devia publicar coisas que tenho escrito ao longo dos anos e que muitas vezes não têm sido publicadas nem partilhadas. Achei a ideia interessante, mas mesmo arriscando magoar a minha amiga, não segui a sugestão. Não segui porque não senti coragem de criar um blogue só para publicar coisas, ideias, poemas, sem ter uma ideia fundamental que guiasse o conteúdo deste blogue. E depois quando me faltassem as ideias? O que é que eu iria fazer? Agora não. Vou pensar no assunto. E fiquei a pensar no assunto.

E assim a ideia do blogue foi ficando na gaveta, como muitas ideias que temos, todos nós, e que receamos partilhar porque não temos coragem de nos expor ao mundo, porque não achamos as nossas ideias assim tão válidas para que os outros se possam interessar, porque achamos que as nossas ideias vão contra a corrente, vão contra o conceito que possam fazer de nós, vão contra o conceito a que sentimos que nos devemos cingir, para não sermos excluídos do grupo de que tanto desejamos fazer parte, sei lá, por mil e uma outras razões.

Mas esta ideia do "ser excluído" voltou à superfície há dias enquanto lia um livro de
Amin Maalouf, As Identidades Assassinas. Para quem o não leu, vale a pena. E desse livro surgiu-me a ideia fulcral para este blogue: um blogue onde amigos e amigas, pessoas queridas, curiosos e curiosas, interessados e interessadas, possam partilhar as suas múltiplas experiências, as múltiplas facetas das suas identidades, aquelas que por vezes até, durante muito tempo escondemos porque a sociedade em que vivemos, o mundo em que vivemos, quer globalizar tudo e portanto quer que nos sintamos "no fundo, no fundo" aquilo que é considerado "normal" no núcleo de amigos e amigas, na família, na vila, no bairro, no país em que vivemos, na empresa onde trabalhamos, na escola que frequentamos.

E o nome? Bom, o nome... é porque "no fundo, no fundo" não somos uma coisa apenas. No fundo, no fundo, não somos aquilo que é esperado de nós. Somos muito mais. Somos uma mistura muito complexa de contributos vindos das mais variadas direcções, das mais variadas fontes. No fundo, no fundo somos todos mestiços. Somos mestiços em um ou mais aspectos. Pelo sangue que nos corre nas veias, há mais ou menos gerações misturado por algum motivo que se calhar (ah! essa expressão tão portuguesa!) se calhar nem conhecemos, ou pelas línguas que falamos que nos levaram a misturar termos desconhecidos dos nossos pais e dos nossos queridos professores que tanto se esforçaram para que falássemos um português correcto, ou pelas culturas em que nos inserimos tendo sido receptores de particularidades culturais que de nós fizeram alguém diferente dos nossos amigos que não tiveram essas oportunidades. E tudo isso faz agora parte de nós. E tudo isso faz com que não consigamos, no fundo, no fundo, ver o fundo do que somos.

Mas todas essas características misturadas em cada um de nós, essas mestiçagens, que tanto valor adicionaram ao que nós somos, quando defendidas fora do seu todo também podem contribuir para nos empobrecer perante os olhos de outros, criando um pernicioso "nós" e "eles" que tanto tem contribuído para cisões, para desavenças, para um mundo menos acolhedor. A tese não é minha, mas identifico-me com ela como se fosse.

E então achei que valeria a pena criar mais um blogue. Um blogue onde pessoas com as vivências mais variadas possam expor a riqueza do que são, não apesar dessas vivências, mas por causa dessas vivências. Um blogue onde a palavra chave possa ser enriquecimento de todos nós através de todos nós. E que, quem sabe, a chama pegue e se comecem a valorizar pessoas com muitas ou poucas mestiçagens em vez de os marginalizar.

Eis o tema. Aventureiro? Acho que é. Demasiado ambicioso? Talvez. Mas decidi atirar-me a ele agarrando-me, com unhas e dentes, às palavras de Pedro Barroso
na sua composição Agora não é tarde.

E não é tarde para tentarmos melhorar o mundo em que vivemos, nem que seja com uma minúscula contribuição para que as diversidades, as mestiçagens que existem dentro de cada um de nós passem a ser valorizadas. Para que as nossas mestiçagens não sejam motivo de desavença mas sim motivo de acolhimento e de melhoramento dos pequenos mundos onde cada um de nós faz pela vida.