Monday, November 2, 2009

Portugalidade

Caro Professor Magalhães,

Tenho lido artigos, livros e emails sobre a portugalidade, assunto de grande interesse para mim. Invariàvelmente apontam-se defeitos, ou feitios, e características que fazem de nós um povo marginal e marginalisado sem saída, sem solução. Alguns destes artigos têm sido instrutivos para mim, mas muitos são, infelizmente, e a meu ver, muito destrutivos e que em nada contribuem para a auto-estima de seja de quem for.

Contudo confesso que me custa muito admitir que, em grande parte, estes autores tenham razão. Sinto que se eu me posso distinguir dos demais, e isto sinto-o na pele sem vaidades nem arrogâncias, é porque no estrangeiro fui exposto a atitudes diferentes que aprendi, ou tive de aprender, a bem ou a mal, atitudes essas que passaram a fazer parte do que sou. E pergunto-me sobre o que fazer para melhorar este "nosso feitio" aparentemente tão pernicioso? O que fazer para expor os nossos compatriotas a oportunidades que ainda não tiveram neste campo?

Imagino que a implementação de qualquer que seja a solução não será fácil, mas penso que o problema está mais do que identificado. No entanto não tenho lido nada que possa sugerir sequer um caminho de saída. E então pergunto-me - será que há iniciativas educativas que possam alterar de modo positivo estas características tão nocivas ao nosso bem estar? Será que não seria possível introduzir aulas e sessões educativas? Umas para a população a nível escolar e outras para os adultos que já por lá passaram? Será que o benefício não ultrapassaria de longe os custos desse esforço? Devo dizer que sou um acérrimo defensor da educação como meio de desenvolvimento de qualquer povo.

Deixando então as perguntas em aberto, a semana que vem verá o início do novo ano académico da Universidade Sénior aqui na terra onde moro. Começarei com a primeira turma de Ecologia e Energias Renováveis. Quero ver se consigo introduzir um modo positivo de pensar e de encarar as coisas. Sei que quando começar a falar sobre o potencial que Portugal tem nestas áreas vou ter de me debater com um negativismo acerado. Vamos ver como me saio desta.