Monday, August 30, 2010

The most isolated man on Earth

The question that was posed is: are we better off as civilized people? The way we know civilization today?

I sincerely doubt that holistically speaking we are, but we think we are.
We think that taking over the natural habitat on which we depend and replacing it with engineered solutions will make us better off.
We think that anyone who thinks otherwise should get out of the way and we think that we reserve and deserve the right to force them do so, should they not do it at their own will.
We think nothing of the human beings who have a different survival mechanism and life values, especially the ones who have succeeded into the XXI century.
We think that those who are in the way of this senseless exploitation of nature should be killed and their villages run over by bulldozers.
We think nothing of the people who lose their relatives in what we call "collateral damage" of our senseless pursuit of some financially profitable objective.
We think nothing of the loneliness of a man who has probably witnessed the slaughter of his loved ones, or perhaps, one day, returning from a hunting or fishing trip, arrived at his village only to find them all dead or simply, silently, gone without a trace.
We don't even think if he is a man or a woman, like Juana Maria, The Lost Woman of San Nicolas Island, who has seen her children die because of an extra tree or an extra otter pelt.
We think we are better off practicing all these atrocities in the name of progress, in the name of some God, in the name of civilization.
In the name of anything except compassion for a human being who is alone, anxious, fearful for his life, attempting, in his loneliness, to fathom the devastation that is going on around him, with no possibility of even starting to understand it because all this devastation is so completely alien to his beliefs, to his cultural values, to his ancestral background, to his spiritual reference points.
We, the civilized, think we are better off if he just dies and gets out of the way.
At that point we can study his body, make clay models of it, build a small hut like the ones he lives in, put all this in a museum, and charge people to see the display.
This is civilized thinking.
And it is very sad!

By the way, has "hope" vanished from this man's mind? One wonders what life is without "hope".
'nando

Sunday, May 9, 2010

Saúde, energia solar e ROI

Estive num workshop patrocinado pela organização Construção Sustentável. Muito interessante! O assunto foi energia solar térmica.

Duas perguntas me saltaram à mente às quais responderam alguns dos membros do painel de apresentadores. Essas perguntas foram sobre Retorno sobre investimento (ROI) e payback period, especificamente aplicados à justificação financeira de novas instalações solares térmicas.

Ora estes conceitos têm sido usados por gestores de empresas e para tal têm valor quando o gestor se depara com duas alternativas de investimento. Foi para isso que estes instrumentos financeiros foram criados. No entanto também tem sido abusado.

Dizer que o payback period de um sitema solar é de 10 anos… quer dizer que é bom? que é mau? Ora só tem significado se comparado com outro sistema ou com outra oportunidade de investimento. O número de anos em si nada diz.

Por outro lado, na compra de uma residência ou de um carro, e não de um televisor ou de um DVD, porque a magnitude dos investimentos é muito diferente, ninguém pergunta se esta casa por €200.000 tem um ROI melhor ou pior do que aquela casa por €230.000. O mesmo acontece com a compra de um carro.

Um ROI teria valor sim se comparássemos o custo de uma casa com boa climatização e com todos os seus benefícios de conforto e os seus efeitos positivos na saúde, com uma casa sem climatização, que nos acolhe com uns chilling 17ºC a 75% HR no inverno, e uns 27ºC a 70% HR no verão, e nos deixa, durante os tais 10 anos de payback, com um payback de patologias pulmonares e cardíacas cujo valor não é fácil de quantificar. Aliás, seria ofensivo para qualquer cidadão ver um valor monetário atribuído à sua saúde e à dos seus.

Acho que nós, os intervenientes profissionais em projectos de energia solar, seja ela térmica ou fotovoltaica, temos de deixar de usar estes termos de medida que, a meu ver, apenas criam obstáculos subjectivos à aquisição de sistemas solares e desaceleram o ímpeto necessário não só para o futuro desta indústria como para o progresso do país em direção a uma menor dependência nas fontes de energia não-renováveis, que não temos.

Todos sabemos que o clima e outros factores socio-económicos trouxeram o povo português e o património construido ao estado em que está hoje. Sabemos também que os portugueses estão a investir em climatização, que a percentagem da energia consumida pelo secto residencial é significativa e vai crescer. Para contrariar este crescimento no consumo de energia, maioritáriamente de origem fósil, é minha opinião que não podemos esperar que as modas do solar peguem. Não temos tempo para tal. Os automóveis, e a indústria petrolífera, teve pelo menos 100 anos para se desenvolver e criar todos os efeitos ecológicos e climáticos com que nos debatemos hoje.

Não posso imaginar que tenhamos tanto tempo para esperar pelas modas. Além do mais temos objectivos para 2020 e 2050 o que os dá apenas 10 anos, no máximo 40, para agirmos em unísono. Acredito que como profissionais temos a responsabilidade cívica de, através de workshops como este, programas de educação a nível escolar e a nível de institutos de educação ao longo da vida, bem como por meios de marketing, acelerar esta onda de adopção de soluções solares para fins residenciais. Cinjo-me apenas a este sector. Outros sectores terão outras vertentes mas, sejam elas quais forem, deverão ser aceleradas tmabém. O tempo urge.

Pessoalmente, gostaria de ver esta indústria florescer a passo rápido e com firmeza no pé, atendendo ao alto nível profissional que nela participa.

Tuesday, March 9, 2010

Confiança em Deus

Olá Amigo,

gostei de ler algo sobre ti. Obrigado por teres respondido.
Achei interessante o teu comentário sobre teres perdido a confiança em Deus. Eu também perdi, faz tempo!

Vou-te contar uma história:

Quando eu era o filho do Pastor e tinha que me comportar bem porque tinha de dar o exemplo, como filho do Pastor, o que é uma seca que nem imaginas, lembro-me de, lá pelos meus 14 ou 15 anos ter tentado ser mesmo Cristão. Até ali eu era o filho do Pastor e achava que ir à igreja, saber os versículos da Bíblia que se decoravam para a escola dominical, e saber cantar uns hinos religiosos sem desafinar muito já me dava o estatuto suficiente e estava tudo bem.

Mas aos 14 ou 15 comecei a aperceber-me que se calhar eu tinha de ler a Bíblia de fio a pavio como andava toda a gente a fazer lá na igreja do meu pai, e se calhar tinha de ser convicto naquilo em que eu andava metido. E tentei. Mas por mais que eu tentasse ler a Bíblia não conseguia passar dos primeiros versos do Génesis que eu achava uma seca daquelas... Deixei o Génesis e saltei à frente. Aí não consegui passar daquela do Adão e da Eva que tiveram dois filhos e depois um matou o outro, e depois tiveram uma prole que povoou o mundo... e eu só conseguia pensar na Eva a fazer meninos com o filho sobrevivente... e resolvi saltar essa parte e seguir em frente.

Mas onde eu realmente empanquei foi naquela de Deus dar o seu primogénito para que uns sacanas o matassem, da forma mais cruel que nessa altura era conhecida, para que o mundo visse como ele era um Deus que amava os seus filhos... mas eu não conseguia imaginar como é que um pai tão bondoso e piedoso pudesse deixar que o seu primogénito fosse morto assim. Não me cabia na cabeça. O filho dele tinha sido sempre um gajo bonzinho e aconteceu o que aconteceu... no meu caso eu fiquei certo que para Deus, a minha cabeça estava a prémio.

Depois tive um problema do caraças com as orações. As que eu fazia em casa, ao deitar, nunca davam em nada. E orar na igreja, naquelas reuniões de oração onde as pessoas podiam orar à sua moda e a seu bel-prazer, eu ouvia uns relambórios sem fim que achava que deviam ser convictos, mas que não me diziam nada. Nada! Estás a perceber? Eu sentia-me como peixe fora de água. Era como se as orações fossem numa língua desconhecida.

Passados uns anos fui para JHB e ainda fiz um esforço em ir às igrejas em inglês pensando que, sendo um país estrangeiro, eles lá é que deviam saber como é que se é cristão e eu iria aprender. Só vi mais do mesmo. Talvez até com uns requintes de malvadez. E foi aí que eu comecei a questionar Deus. Durante toda a minha vida tentei perceber ou sentir o que era Deus mas cada vez mais me convencia que Deus é feito à imagem dos homens e não vice-versa, como me ensinaram, quando eu era o filho do pastor.

Hoje tenho fé na bondade e na piedade dos homens, na inocência das crianças, na sabedoria dos velhos, no sorriso de um amigo, no amor de uma companheira, e acho que isso deve ser Deus. Olho para dentro de mim e vejo que tenho cá umas coisas boas, e isso deve ser Deus. Mas podes crer que não está sozinho cá dentro. Tem companhia e não é boa companhia. Mas eu vou tentando acalmar essa parte ruim. Olho para a natureza animada e inanimada e vejo nela algo que eu às vezes chamo de Deus. Olho para um amigo que está a sofrer e sinto vontade de lhe tirar o sofrimento para que não sofra mais, e acho que esse sentimento é Deus. Embora eu saiba que pouco ou nada posso fazer ao meu amigo, excepto chorar com ele, porque a companhia parece ajudá-lo. Se calhar o benefício dessa companhia não vem de mim mas dessa outra força que continuaremos, de momento, a chamar de Deus.

Fim de história.

Ao longo dos anos tenho lido muito sobre Deus, sobre as religiões, e sobre as escrituras sagradas. Tenho lido coisas muito interessantes e cada vez mais me convenço que Deus não é isto que apregoam. Aliás, sinto que Deus não tem mesmo nada a ver com isto que nos ensinaram. Deus é tudo isto que nos rodeia, se lhe podemos chamar Deus, mas pronto, chamemos-lhe assim. Mas não acredito que Deus é um pai todo-poderoso, cheio de compaixão. Essa imagem foi-nos vendida tal qual outras tantas imagens que nos têm sido vendidas ao longo da história da humanidade e que em muitos casos só deram em calamidades... o Nazismo, a Inquisição, a guerra do Iraque, as Cruzadas, e por aí a diante.

Compreendo o teu desapontamento mas não te sintas só. Estás rodeado de muita gente que também deixou de acreditar nesse Deus. Para quem pensa esse desapontamento um dia chega, mais tarde ou mais cedo. Temos de redefinir Deus. Não sei como, mas temos. Mas não é esse que deixou que lhe matassem o filho par nos convencer da sua bondade para depois, ao longo dos séculos, deixar sofrer milhões de outros... que paradoxo!

Aquele abraço,

Thursday, March 4, 2010

Receita contra a recessão: sair do marasmo mental

Francesco Alberoni

i – 9 de Janeiro de 2010

A recessão económica manifesta-se sobretudo como crise da fantasia, de criatividade, o encerramento num círculo restrito onde não se arrisca nada, nem sequer o cansaço de pensar. Se não podemos agir, deixamos de projectar e até mesmo de imaginar e sonhar. É exactamente o contrário do que acontece nas fases de grande expansão. Depois da Segunda Guerra Mundial surgiu um impetuoso desenvolvimento económico porque todos sonhavam com um mundo novo.

A criatividade não foi apenas económica, chegou a todos os sectores. Na ciência houve a descoberta do ADN, a teoria da informação, a teoria do caos. No cinema, realizadores como Fellini ou Hitchcock e actores como Marlon Brando, Sophia Loren e Marilyn Monroe. E também grandes pensadores, como Sartre, Camus, vi-Strauss e Raymond Aron.

Pelo contrário, na actual recessão prevalecem o medo e a prudência, pelo que não só não se fazem coisas novas, como também existe o medo do que é novo. Não surgem grandes empreendedores, grandes escritores, grandes pensadores, e quando isso acontece não o reconhecidos. O público recebe produtos decadentes e habitua-se ao que é medíocre e feio. Há alguns anos, a transmissão televisiva era assegurada por Bonolis, que inventava, improvisava de forma criativa e tinha um êxito capaz de pôr em perigo o telejornal satírico "Striscía la notizia". Hoje em dia, apesar de ser uma récita gasta, estereotipada e aborrecida, tem a mesma audncia. O mesmo se passa com a má ficção e os programas com as mesmas pessoas que dizem sempre as mesmas coisas. As pessoas não tentam compreender, contentam-se com as notícias, lêem biografias que são um chorrilho de mexericos. À falta do novo, chegou a vez do monstruoso.

Nas antigas feiras, as protagonistas eram a mulher-canhão e a mulher-serpente. Hoje, para conseguir público, o espectáculo tem de incluir um transexual, uma acompanhante, duas lésbicas, um príncipe e, se possível, um anão e uma gigante. Como se sai de uma estagnação que tem como contraponto o fecho das fábricas, a falência das pequenas empresas, o espectro do desemprego? Começando por abandonar os pântanos intelectuais. Não devemos estragar o gosto das pessoas com espectáculos, livros, filmes e sica de má qualidade. Temos à nossa disposição a mais selecta cultura mundial. Tiremos proveito dela, abramos a mente ao que nos enriquece em termos emocionais e intelectuais. Estudemos, trabalhemos, inventemos um trabalho, uma actividade nova. Façamos o que sempre quisemos fazer e a que renunciámos por timidez ou medo.

Sociólogo, escritor e jornalista

Monday, January 11, 2010

Brincando com crianças

Deparo, cada vez mais, com crianças a brincar com o computador de mesa, ou a entreterem-se, horas a fio, à frente da televisão, sem amiguinhos ou amiguinhas com quem possam partilhar actividades adequadas à sua formação como crianças. Estas crianças da era digital com quem tenho lidado desenvolvem o que me parece ser uma falta de capacidade de interagirem com outros das suas idades e com adultos.

Parece-me vê-los adquirir os hábitos rudes e rebeldes dos personagens que vêm na televisão ou nos jogos digitais, muitos destes com um alto teor bélico. Quando os vejo chegar a casa de alguém, noto que não cumprimentam as pessoas que lhes abrem a porta. Quando se acomodam no quarto ou na sala onde poderão brincar, vejo-os a atirar coisas ao ar ou ao chão como se tudo fosse indestrutível ou arma de arremesso. Realmente na televisão e nos jogos digitais basta fazer um "reset" para que as peças partidas e destruídas voltem às posições iniciais como se nada tivesse acontecido. À saída também não se despedem de quem fica.

Mas vejo também que os adultos, mais especificamente os pais, se acomodam na sala a conversar sem muito se preocuparem com as gritarias, os barulhos e até estrondos, ou os silêncios, das crianças no outro quarto para onde foi determinado que ficassem a brincar.

Pergunto-me se os adultos não precisarão de brincar mais com as crianças. Sei que brincar com crianças não é fácil para os adultos. As crianças aplicam à brincadeira em que se empenham uma atenção e uma dedicação a que os adultos já não estão habituados. Perdemos, ao longo dos tempos, essa capacidade. Dedicámo-nos a outras brincadeiras a que chamamos de actividades sérias, porque os adultos só se dedicam a actividades sérias, ou a jogos de adultos.

Acho que temos, como adultos, de dedicar mais tempo a jogos com as crianças. Jogos que lhes ensinem como interagir com outros, que lhes ensinem capacidades manuais e intelectuais e os ensinem a ganhar e a perder, porque na vida é assim, precisamos de capacidades manuais e intelectuais, perde-se e ganha-se.

Há dias, enquanto procurava informações sobre jogos e brincadeiras para crianças, daquelas que jogávamos à mesa, na rua, e no jardim, deparei com um website brasileiro chamado Jogos Antigos. Nesse site, na secção sobre Jogos Infantis, deparei com a seguinte afirmação:

Acho interessante, porém, procurar incentivar nas crianças a competição, mas de uma maneira saudável, de forma a ensinar a necessidade de se seguir regras, de não "roubar" e principalmente, de se aprender que, na vida, nem sempre se ganha.

Pensei, é isso. Precisamos de adoptar jogos que embora pareçam antigos, são jogos que nos permitam interagir mais com as crianças e de caminho ensiná-los o que a televisão e os jogos digitais não ensinam. Aliás, estas tecnologias ensinam outras coisas, mas esses ensinamentos parecem-me errados.