Tuesday, October 25, 2011

Violência na televisão

Este assunto toca sempre numa tecla muito sensível.

Penso sempre na violência a que nos fomos habituando e tolerando. Assustador! Primeiro nas histórias aos quadradinhos, depois nos filmes de cowboys, cada vez mais gráficos, depois nos policiais, idem aspas, depois na televisão, e finalmente nos jogos de vídeo onde se pode até fazer "reset" e todos os mortos resuscitam para reiniciar mais um jogo mórbido. Claro que antes do "reset", os que morreram na tela, morreram de cabeças cortadas, em explosões impressionantes com "body parts" a voar por todo o lado (e muito sangue a jorrar, claro), em cenas cada vez mais gráficas e mais realistas.

À frente destas telas pretendem os fabricantes e distribuidores dos jogos estacionar crianças, adolescentes e jovens. E, infelizmente, têm conseguido. Quanto mais novinhos melhor. Maior é a probabilidade de se viciarem nestes produtos e comprarem sempre o mais recente.

Estes jogos são até permitidos por muitos pais depois do jantar, antes de pôr as crianças na cama, para os entreter enquanto os pais fazem outras coisas... como navegar na net à procura de jogos interativos com os quais jogam às conquistas dos mundos, sempre matando gente, e fazendo explodir muita coisa, com outros pais do outro lado do fio. Sempre em busca de ganhar outra vez. Ganhar matando mais personagens, quantos mais matam mais pontos têm, e ganhar quando são os primeiros do bairro a comprar o dito jogo "dernier cri".

Para mim esta força brutal, a da democratização e da redução profunda da sensibilidade e aversão à violência, é assutadora. Acredito que tenha influenciado e continue a influenciar violenta e negativamente muita gente nova que amanhã responderá, como lhes foi ensinado nos jogos de video, a conquistar mundos cortando cabeças a sangue frio.

Só que, dessa vez, o "reset" não funcionará. Mas ficará em registo feito por algum telemóvel nas mãos de mais um cidadão viciado em sangue, digo, em jogos video...

Wednesday, October 19, 2011

O que os governantes têm de fazer, já!

Tem corrido uma mensagem, ora em email, ora em facebook, com uns 30 pontos que a Troika queria ou deveria ter feito e não conseguiu. Li e reli o dito documento. Quis contribuir mas não a consegui engrenar no "thinking process" do autor. Por isso resolvi atacar o problema de outra forma, ou seja, criando 6 objectivos para os governantes de Portugal, e em seguida algumas iniciativas que apoiassem esses objectivos.
O que os nossos governantes têm de fazer quanto antes não é pera doce. Esta conjuntura necessita de novas maneiras de pensar. Um novo mind-set, uma mentalidade aberta capaz de ponderar os riscos mas capaz de seguir em frente sem temor. Não poderemos solucionar a situação em que nos encontramos repetindo os passos (nem os coelhos) que nos trouxeram até aqui.
Primeiro que tudo temos de identificar com clareza o conjunto de problemas que nos aflige. Depois temos de criar um conjunto de objectivos que por sua vez nos levarão a iniciativas e acções, e estas a resultados mensuráveis e verificáveis.
De momento vou, propositadamente, passar por cima da etapa de definição dos problemas que nos rodeiam. A minha razão não é imune a críticas, mas acho que estes têm sido falados e ventilados vezes suficientes para podermos, para o efeito deste arrazoado, passar aos objectivos e iniciativas específicas.
Em qualquer destes exercícios há sempre um dilema a considerar que aparece sob a forma do síndrome do ovo e da galinha. Tentei dar prioridade à galinha de modo a que o ovo não seja desprezado mas seja o resultado do esforço da galinha.
Aventuro aqui o meu pequeno conjunto de objectivos que considero importantes para Portugal:
Criar objectivos nacionais fundamentais
1. Criar um política económica independente do crescimento do PIB
atingir a auto-suficiencia económica e financeira,
fomentar o bem-estar social e a mais-valia social,
conservar o património natural e nacional,
incentivar a sustentabilidade dos investimentos,
criar uma estrutura de avaliação do impacto das medidas tomadas.
2. Desenvolver a produção nacional das PMEs
para consumo interno – reduzir a dependência nas importações
para exportação – para angariar divisas e incrementar as receitas
para criar postos de trabalho
3. Atrair investimentos com perspectivas futuras sustentáveis
eliminar paraísos fiscais
colocar enfase em tecnologias de alto impacto nacional
redefinir as estatísticas de crescimento económico/social
4. Reduzir o desemprego e a desigualdade social
oferecer benefícios fiscais a empresas que criem postos de trabalho
reduzir a desigualdade ocupacional e social da nossa população
5. Incrementar a educação
para melhorar a competitividade
para atrair postos de trabalho
6. Incrementar o apoio à saúde e aos benefícios sociais
para melhorar a produtividade e a competitividade
atrair postos de trabalho progressistas
criar um ambiente de inter-apoio entre as diversas faixas etárias
Estes poderiam ser mais elaborados, mas para já partiremos deste conjunto de objectivos como base para uma análise mais detalhada e aprofundada mais tarde.


Iniciativas necessárias para atingir estes objectivos

1. Criar um política económica independente do crescimento do PIB
atingir a auto-suficiencia económica e financeira,
fomentar o bem-estar social e a mais-valia social,
conservar o património natural e nacional,
incentivar a sustentabilidade dos investimentos,
criar uma estrutura de avaliação do impacto das medidas tomadas.
Adicionar ao PIB medidas de:
bem-estar social, conservação do património natural, sustentabilidade dos investimentos, avaliação de impacto social.
medir e avaliar o progresso atingido usando metodologias existentes:
http://www.ecologica.org.br/index.php?option=com_k2&view=item&layout=item&id=10&Itemid=8
http://en.wikipedia.org/wiki/Social_impact_assessment
http://sroi.london.edu/Measuring-Social-Impact.pdf
http://www.riseproject.org/Social%20Impact%20Assessment.pdf
Retirar do PIB medidas que não representam crescimento real
Como exemplo temos o aumento nas vendas de carros de assalto e equipamento policial que não é crescimento real mas apenas uma despesa em resposta a um crescimento na taxa de criminalidade. O aumento nas vendas de ambulâncias e outro equipamento clínico não é necessàriamente crescimento real, mas apenas uma resposta ao aumento de patologias e/ou falta de apoio aos idosos e/ou população em geral..
Estas medidas atraem investimentos de empresas com perspectivas futuristas e afastam empresas com perspectivas oportunistas do momento, ou do financiamento fácil, como a construção civil sem base nas necessidades sociais, empresariais e estatísticas demográficas.
2. Desenvolver a produção nacional das PMEs
para consumo interno – reduzir a dependência nas importações
para exportação – para angariar divisas e incrementar as receitas
para criar postos de trabalho
Criar polos de interação entre estabelecimentos de ensino e empresas
promover processos naturais de criatividade e sinergismos locais
Criar polos de interação a nível de concelhos e freguesias com o mesmo fim
3. Atrair investimentos com perspectivas futuras sustentáveis
eliminar paraísos fiscais
colocar enfase em tecnologias de alto impacto nacional
redefinir as estatísticas de crescimento económico/social
Acabar os paraísos fiscais
Estes apenas protegem os ricos que não investem na economia real e reduzem a receita fiscal do país. Paraísos fiscais atraem capital especulativo que não tem perspectivas de futuro.
Criar limites legais à extensão de julgamentos
Eliminar a prescrição e a liberdade de indivíduos com credibilidade duvidosa.
4. Reduzir o desemprego e a desigualdade social
oferecer benefícios fiscais a empresas que criem postos de trabalho
reduzir a desigualdade ocupacional e social da nossa população
Proporcionar incentivos fiscais a empresas que criem postos de trabalho
Fomentar a indústria transformadora
Retirar incentivos fiscais a empresas que não produzam riqueza local.
A empresas de investimentos na bolsa (que criam muito poucos postos de trabalho e não produzem riqueza real),
Aos supermercados que importam a maior parte dos seus produtos e criam poucos postos de trabalho a salários miseráveis.
A todas as empresas criadoras de endinheirados que não investem na economia real.
Eliminar o financiamento dos partidos políticos com verbas públicas.
Todas as contas do estado são do domínio público e transparentes.
Eliminar a porta rotativa dos políticos e empresários:
Eliminar os motoristas privados e dos departamentos do estado,
Estabelecer car-pools e mover estes motoristas para outros empregos.
Embargar durante 3 anos a transição de altos funcionários do estado para cargos noutras instituições onde haja conflito de interesses.
Limitar todas as reformas e ajustar anualmente segundo o índice do custo de vida.
Impor mínimo de liquidez a todos os bancos e empresas financeiras.
Criar recursos legais rápidos para que cidadãos suspeitos de fraude e criminalidade não sobrecarreguem o sistema jurídico até se livrarem das suas responsabilidades.
Suspender os seus cargos de imediato e impedir de concorrerem de novo.
Criar transparência em todos os organismos e acordos.
Eliminar condições contratuais que prejudicam o bom funcionamento das organizações e.g. o programa de Bolonha, que tem beneficiado muitos estudantes, está minado por condições de produtividade de alunos e professores que não beneficiam a qualidade do trabalhos dos mesmos. http://www.scielo.br/pdf/es/v31n110/14.pdf .
Estas medidas criam confiança nos cidadãos e estabelecem um clima em que o mérito e o trabalho são remunerados e as tentativas de fraude ou crime, nem que muito bem encobertas, não compensam. O cidadão que sente que há justiça, ganha confiança e esforça-se por melhorar a sua vida e a dos seus. O cidadão desmoralizado deixa-se no queixume e atrofia. Com ele atrofia o país.
5. Incrementar a educação profissional e cívica
para melhorar a competitividade
para atrair postos de trabalho dignos do ser humano
proporcionar a participação activa do cidadão na política nacional e Europeia
Promover a educação política do cidadão e a sua participação activa nas causas de valor.
Incentivar a educação como base fundamental de uma vida de valores humanos e não apenas cheia de salários altos e consumismo insustentável.
6. Incrementar o apoio à saúde e aos benefícios sociais
para melhorar a produtividade e a competitividade
atrair postos de trabalho com futuro e fomentadores de progresso
criar um ambiente de inter-apoio entre as diversas faixas etárias
A saúde e a educação são pedras basilares para um país próspero e orientado para o desenvolvimento, não necessáriamente crescimento. O mundo está num estado de saturação com a exploração de recursos naturais. No passado dia 21 de setembro os habitantes da terra acabaram de usar todos os recursos que a Terra consegue produzir sustentavelmente em um ano. Estamos portanto em outubro a funcionar em hipoteca do ano 2012.


É intencional que não haja aqui nada sobre crescimento económico, salários baixos, crescimento do PIB, grandes obras, ou financiamentos fáceis para produzir resultados a curto prazo. Um Portugal concentrado nessas preocupações tirou os olhos da bola e não é sustentável nos século XXI.

O resultado está à vista.

Precisamos de uma nova maneira de pensar, de um novo mind-set, foi isso que tentei fazer acima. Espero que seja material digno de avaliação, reflexão e elaboração. Se assim for, terei preenchido a minha ambição quando me agarrei a este enfadonho teclado “QWERT”, produto do século XIX.
Fernando Aidos

Sunday, October 16, 2011

É pena Sr. Presidente

(comentários aos apelos e avisos de Cavaco Silva)

É pena que o Sr. Presidente tenha estado tão alheado e isento durante estes anos todos e só agora venha fazer avisos aos portugueses que já perderam a confiança nele e nos governantes.

É pena que o Sr. Presidente não perceba que Portugal tem sido um país insustentável e que as tais medidas de crescimento não têm cabimento na conjuntura actual porque infelizmente agora só virando isto de pernas ao ar é que teremos uma chance de continuarmos a ser um país soberano.

É pena que o Sr. Presidente não perceba que estes avisos são mais que desnecessários porque os portugueses estão mais que compenetrados de todos este problemas e mais uns que não foram mencionados, como a corrupção e o desperdício.

É pena que o Sr. Presidente tenha avisos mas não tenha ideias concretas limitando-se a papaguear o que os livros de economia da escola neo-liberal ensinam a quem os quiser ouvir.

É pena porque estes avisos apenas indignaram os cidadãos que vão ter que pagar as contas dos incompetentes e inconscientes que fizeram despesas astronómicas à custa de empréstimos sem garantias, além de que depois os portugueses pagariam isto.

É pena que o Sr. Presidente tenha perdido uma boa oportunidade de se aproximar dos portugueses, mesmo os que não o elegeram, ficando calado.

Monday, October 10, 2011

O PROFESSOR ESTÁ SEMPRE ERRADO

O material escolar mais barato que existe na praça é o professor!
É jovem, não tem experiência.
É velho, está superado.
Não tem automóvel, é um pobre coitado.
Tem automóvel, chora de "barriga cheia'.
Fala em voz alta, vive gritando.
Fala em tom normal, ninguém escuta.
Não falta ao colégio, é um 'caxias'.
Precisa faltar, é um 'turista'.
Conversa com os outros professores, está 'malhando' os alunos.
Não conversa, é um desligado.
Dá muita matéria, não tem dó do aluno.
Dá pouca matéria, não prepara os alunos.
Brinca com a turma, é metido a engraçado.
Não brinca com a turma, é um chato.
Chama a atenção, é um grosso.
Não chama a atenção, não sabe se impor.
A prova é longa, não dá tempo.
A prova é curta, tira as chances do aluno.
Escreve muito, não explica.
Explica muito, o caderno não tem nada.
Fala corretamente, ninguém entende.
Fala a 'língua' do aluno, não tem vocabulário.
Exige, é rude.
Elogia, é debochado.
O aluno é reprovado, é perseguição.
O aluno é aprovado, deu 'mole'.

É, o professor está sempre errado, mas, se conseguiu ler até aqui,
agradeça a ele!

(Jô Soares)

Thursday, October 6, 2011

Desacordos com o acordo ortográfico

A certa altura do ano passado, o Homem do Leme escreveu:

Quando eu escrevo a palavra acção, por magia ou pirraça, o computador retira automaticamente o C na pretensão de me ensinar a nova grafia.
De forma que, aos poucos, sem precisar de ajuda, eu próprio vou tirando as consoantes que, ao que parece, estavam a mais na língua portuguesa.
Custa-me despedir-me daquelas letras que tanto fizeram por mim.
São muitos anos de convívio.
Lembro-me da forma discreta e silenciosa como todos estes CCC's e PPP's me acompanharam em tantos textos e livros desde a infância.
Na primária, por vezes gritavam ofendidos na caneta vermelha da professora: - não te esqueças de mim!
Com o tempo, fui-me habituando à sua existência muda, como quem diz, sei que não falas, mas ainda bem que estás aí.
E agora as palavras já nem parecem as mesmas.
O que é ser proativo?
Custa-me admitir que, de um dia para o outro, passei a trabalhar numa redação, que há espetadores nos espetáculos e alguns também nos frangos, que os atores atuam e que, ao segundo ato, eu ato os meus sapatos.
Depois há os intrusos, sobretudo o R, que tornou algumas palavras arrevesadas e arranhadas, como neorrealismo ou autorretrato.
Caíram hifenes e entraram RRR's que andavam errantes.
É uma união de facto, e para não errar tenho a obrigação de os acolher como se fossem família. Em 'há de' há um divórcio, não vale a pena criar uma linha entre eles, porque já não se entendem.
Em veem e leem, por uma questão de fraternidade, os EEE's passaram a ser gémeos, nenhum usa ( ^^^) chapéu.
E os meses perderam importância e dignidade; não havia motivo para terem privilégios. Assim, temos janeiro, fevereiro, março, são tão importantes como peixe, flor, avião.
Não sei se estou a ser suscetível, mas sem P, algumas palavras são uma autêntica deceção, mas por outro lado é ótimo que já não tenham.
As palavras transformam-nos.
Como um menino que muda de escola, sei que vou ter saudades, mas é tempo de crescer e encontrar novos amigos.
Sei que tudo vai correr bem, espero que a ausência do C não me faça perder a direção, nem me fracione, e nem quero tropeçar em algum objeto.
Porque, verdade seja dita, hoje em dia, não se pode ser atual nem atuante com um C a atrapalhar.
Só não percebo porque é que temos que ser NÓS a alterar a escrita...
se a LÍNGUA É NOSSA ...? ! ?

Tributo a Steve Jobs

Steve, this is for you.