Wednesday, May 8, 2013

Aviso aos navegantes II


Quando se chega à fronteira os serviços são de um primitivismo e uma ineficiência impensável no século XXI.
À entrada da zona do posto de fronteira um funcionário entrega-nos um papel de uns 10cm por 20cm onde ele acabou de escrever o número de matrícula do carro e o número de passageiros sem nos dizer para que serve. Estacionámos o carro onde havia lugar. Neste posto de fronteira pode-se deixar o carro sem receio de assaltos.
Prossegue-se para uma fila única que no nosso caso já se estendia pelo passeio ao sol. Depois de esperarmos em fila algum tempo entrámos no edifício. À porta há um painel descrevendo a sequência – “customs first”, alfândega primeiro e depois controle de passaportes. No guiché de alfândega uma funcionária conta folhinhas enquanto vai carimbando outras como a nossa quase sem olhar para a folhinha ou para o portador.
Do lado das partidas há muitos passageiros e poucos funcionários. Do lado das chegadas acontece exatamente o contrário.
O balcão das partidas, situado por trás de vidros e armações de ferro pintado, dá de costas para o balcão que serve as chegadas. Os funcionários ocupam o espaço entre os dois balcões. Nas nossa fila, a das partidas, há uma progressão lentamente dolorosa. Há vários guichés sem funcionários. Os passaportes são inseridos em leitores eletrónicos com uma regularidade lenta, carimbados e rubricados.
Por algum motivo que não compreendemos há mais funcionários nos guichés das chegadas e muito menos viajantes do que no nosso lado, o das partidas. É possível que as entradas neste país mereçam mais atenção e mais cabeças a pensar porque de vez em quando alguns funcionários do nosso lado, das partidas, viram-se para conferenciar com os colegas do lado das chegadas sobre algum caso mais bicudo.
A ineficiência, apesar do sistema digitalizado de leitura de passaportes, é palpável. O papelinho que a funcionária de alfândega carimbou é agora carimbado mais uma vez. Os nossos passaportes são-nos devolvidos e estamos prontos para sair a caminho da outra fronteira, a de entrada no país de destino. O papelucho é por fim entregue a um funcionário do posto de fronteira e achamo-nos em terra de ninguém.
Aqui não há confusões de revistas a carros, não há despachantes a oferecer serviços mais acelerados, não há trocas escuras de divisas, não há corrupção aparente nem parece haver oportunidades para que esta se estabeleça.
A bomba de gasolina que nos disseram haver aqui já não existe. O calor era muito mas não demasiado. O sol africano parecia estar a poupar-nos.

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